O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) propuseram na quarta-feira feira, 20, a criação de um mosaico de Áreas Protegidas na foz do rio Amazonas, para tentar remediar os riscos da exploração de combustíveis fósseis na região. O mosaico seria composto por Unidades de Proteção Integral e de uso sustentável, mas não impediriam atividades petrolíferas.
A proposta feita no documento “Cenários Estratégicos para a Ampliação do Conhecimento Científico e Proteção da Biodiversidade da Foz do Rio Amazonas” lista 20 ações necessárias para proteger a região sob o iminente avanço da exploração de petróleo e gás fóssil. Além do mosaico de Unidades de Conservação, a proposta propõe a criação do Instituto Nacional da Foz do Rio Amazonas (INFA), para produção científica nos moldes do INPE.
A proposta é fruto de uma mobilização inédita de pesquisadores, lideranças tradicionais, gestores públicos e representantes da sociedade civil, incluindo pescadores dos estados do Amapá, Maranhão, Pará e São Paulo. Todos reunidos no “Grupo de Trabalho da Foz do Amazonas”.
“Trata-se de uma agenda ambiciosa e colaborativa para garantir a proteção e o uso sustentável de uma das regiões mais estratégicas para o equilíbrio climático e a biodiversidade global”, afirma Roseli de Deus Lopes, diretora do IEA-USP.
Ao longo de um ano, o GT se reuniu para formular propostas que pudessem unir conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e inclusão social em resposta à necessidade de intensificar os cuidados com a Foz do Amazonas diante da possibilidade de exploração de petróleo no local.
São propostas duas frentes de ação específicas:
- A criação do Instituto Nacional da Foz do Rio Amazonas (Infa), voltado à produção e articulação do conhecimento científico sobre essa ecorregião;
- A implantação de um Mosaico de Áreas Protegidas Marinhas, um conjunto de áreas com diferentes níveis de uso:
1. Corredores Ecológicos – Áreas para proteção da fauna ameaçada;
2. Áreas de Desenvolvimento Sustentável – Espaços para uso organizado e sustentável dos recursos;
3. Áreas de Proteção Integral – Zonas de refúgio para a vida silvestre, em harmonia com atividades econômicas importantes para a região.
Além dessas iniciativas, o grupo propõe outras 18 grandes estratégias que visam integrar conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e inclusão social. Entre os pontos mais relevantes, estão o fortalecimento da pesquisa em rede entre instituições da região norte; a criação de sistemas para mapear áreas sensíveis e monitorar a biodiversidade; o envolvimento direto de comunidades tradicionais na gestão de áreas protegidas; e a promoção de um modelo econômico sustentável, com base na Economia Azul.
“A criação do Infa permitirá que o Brasil compreenda e monitore melhor esse ecossistema. E o Mosaico de Áreas Protegidas Marinhas trará segurança para comunidades humanas, ambientes, e espécies da flora e fauna que vivem em constante vulnerabilidade”, destaca Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi.