Após anos liderando o ranking de desmatamento na Amazônia, o Pará apresenta sinais consistentes de reversão dessa tendência. De acordo com os dados mais recentes do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado reduziu em 55% a perda de vegetação nativa entre agosto de 2020 e julho de 2024. No último período analisado, de agosto de 2023 a julho de 2024, foram desmatados 2.260 km², uma queda significativa em comparação aos mais de 5.000 km² registrados entre 2020 e 2021.
Entre os municípios que mais registraram desmatamento ao longo dos últimos anos estão Altamira, São Félix do Xingu, Novo Progresso e Itaituba. Apesar de ainda estarem no topo das cidades que mais desmataram, os municípios citados apresentaram queda no registro de desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024. Altamira, por exemplo, reduziu de 317,70 Km² em 2023 para 166,63 km² de áreas degradadas em 2024., uma queda de aproximadamente 47,55%. Em São Félix do Xingu, a redução do desmatamento de 2023 para 2024 foi de aproximadamente 68,07%, passando de 314,20 Km² desmatados em 2023 para 100,33 km² em 2024.
Com Belém prestes a sediar a COP30, a conferência climática da ONU marcada para novembro, as políticas ambientais do Pará ganham visibilidade internacional. Especialistas apontam que o avanço no combate a crimes ambientais, como o aumento das fiscalizações e operações integradas, tem sido um dos principais fatores para o recuo nos índices de desmatamento.
Monitoramento
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) exerce um papel fundamental no monitoramento do desmatamento na Amazônia, com destaque para o estado do Pará, que historicamente é um dos que mais sofrem com a perda de cobertura florestal no país. Esse trabalho é viabilizado por sistemas de sensoriamento remoto, que utilizam imagens de satélite para detectar e quantificar alterações na vegetação nativa.
Entre as principais ferramentas utilizadas estão o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), responsável por estimativas anuais da área desmatada, e o Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), que fornece alertas quase diários sobre sinais de desmatamento e degradação florestal.
Essas tecnologias possibilitam a identificação precisa de áreas críticas, mesmo em locais de difícil acesso, permitindo uma atuação mais ágil e eficaz por parte dos órgãos de fiscalização. Além disso, os dados são públicos e acessíveis, o que fortalece a transparência e favorece a cooperação entre diferentes níveis de governo, instituições de pesquisa e sociedade civil.
Nos últimos anos, a articulação entre os alertas gerados pelo INPE e o reforço das ações de combate ao desmatamento têm resultado na redução dos índices no Pará. A continuidade e o aprimoramento desses sistemas são fundamentais para sustentar os avanços e consolidar políticas de proteção e uso sustentável da floresta.
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