De olho na COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) reforçou alianças internacionais durante a Semana de Ação Climática, em Londres, entre 21 e 19 de junho. O objetivo é criar uma nova forma de financiar a conservação da Amazônia e outras florestas tropicais, garantindo recursos de longo prazo para quem mantém a floresta em pé.
O TFFF foi apresentado pelo governo brasileiro na COP28, em Dubai, como um mecanismo inovador que oferece pagamentos previsíveis e em larga escala a países com grandes áreas de florestas tropicais e subtropicais úmidas. Os repasses são baseados em desempenho: cada país recebe de acordo com a área conservada, comprovada por imagens de satélite. Se houver desmatamento, o pagamento é reduzido.
Durante o evento em Londres, países como Reino Unido, Noruega, Emirados Árabes Unidos, Colômbia, Peru, Indonésia, Gana e República Democrática do Congo expressaram apoio ao fundo. Além de governos, grandes investidores privados, como Pimco, Bank of America e Barclays, organizações multilaterais como o PNUD, e lideranças indígenas também se somaram ao diálogo para estruturar o mecanismo.
“Uma das minhas primeiras viagens como ministro de Energia e Mudança Climática foi ao Brasil, especificamente à Amazônia, porque reconheci o quanto esse ecossistema – e as florestas tropicais de forma mais ampla – são cruciais para todos nós. Por isso, é empolgante ver surgir uma nova iniciativa – a brilhante proposta brasileira, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Acreditamos que ela representa uma solução ousada, inspiradora e extremamente promissora para o futuro”, afirmou Ed Miliband, Secretário de Estado para Energia e Mudança Climática do Reino Unido.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que o TFFF é uma forma de mobilizar investimentos públicos e privados em grande escala, destinando pelo menos 20% dos recursos para povos indígenas e comunidades locais – principais guardiões das florestas. Para Marina, o fundo pode abrir um novo ciclo de prosperidade para quem protege a biodiversidade.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também reforçou a importância de garantir que parte dos aportes chegue diretamente aos territórios indígenas. “Continuar trabalhando, de forma conjunta entre governo e organizações indígenas, no engajamento dos países para construir o TFFF e para que Povos Indígenas e Comunidades Locais recebam aportes levantados, porque já está constatado que apenas 1% de todos os recursos que são tradicionalmente mobilizados para a mudança do clima chega aos territórios indígenas”.
O modelo do TFFF se diferencia por remunerar resultados concretos: paga por florestas mantidas, e não por projetos pontuais, e pretende captar cerca de US$ 4 bilhões por ano, valor que supera em muito os recursos disponíveis atualmente para políticas florestais.
Durante o encontro em Londres, o professor Joseph Malassi, da República Democrática do Congo, resumiu o sentimento: as florestas tropicais não podem esperar.
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