Muitas empresas de combustíveis fósseis gostam de falar que ajudam o meio ambiente plantando árvores para absorver o carbono que elas emitem. Mas um novo estudo joga um balde de água fria nessa ideia. Especialistas alertam que, em muitos casos, a compensação não ocorre no local da emissão dos gases e, mais importante, não implica em uma redução real da poluição.
E pior, para compensar as emissões das 200 maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo, seria necessário reflorestar uma área equivalente a cinco vezes o tamanho da Floresta Amazônica brasileira, ou 24 milhões de quilômetros quadrados
Ou seja, depender apenas da compensação sem a redução efetiva das emissões não resolve a crise climática. O reflorestamento seria um complemento, não a solução principal, afirma o estudo.
Por isso, cientistas alertam, é urgente diminuir de verdade as emissões de gases poluentes, principalmente porque o aquecimento global e os eventos extremos (como enchentes e secas severas) estão cada vez piores.
Parar de poluir sai mais barato
A pesquisa fez um cálculo interessante sobre o “valor ambiental” das empresas. Eles estimaram quanto uma empresa valeria se tivesse que pagar para compensar toda a poluição que vai gerar no futuro. Usando o preço médio de compensação na Europa em 2022 (cerca de US$ 83 por tonelada de CO₂), o resultado foi chocante: 95% dessas empresas teriam um valor negativo no mercado.
Em outras palavras, o estudo sugere que, financeiramente, seria mais vantajoso para essas empresas parar de extrair e produzir combustíveis fósseis do que continuar poluindo e tentar “limpar a sujeira” depois.
O trabalho foi liderado por Alain Naef, especialista em economia verde da ESSEC Business School, na França. A equipe usou dados de 200 empresas para estimar suas futuras emissões e, a partir daí, calcular quantas árvores seriam necessárias para “compensar” todo esse impacto.
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