O Pará reduziu quase 30% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), nas duas últimas décadas, segundo estudo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa),
Fundamental para melhorar os debates sobre mudança do clima, conservação da biodiversidade, crescimento econômico e transição justa para uma economia de baixo carbono, o estudo vai apoiar as decisões do governo e de todos os envolvidos, como empresas, bancos, ONGs, povos indígenas e comunidades tradicionais.
“É importante destacar que a redução das emissões de CO2 (principal gás de efeito estufa) se apresenta como um resultado direto de iniciativas robustas e intersetoriais como o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), lançado em 2020, que articula ações de comando e controle com incentivos econômicos, e do Plano Estadual de Bioeconomia do Pará (PlanBio), que promove o uso sustentável da biodiversidade amazônica como base de uma nova economia inclusiva e de baixo carbono”, destaca o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Desde 2013, o estado retirou mais de 119 milhões de toneladas de CO2e anualmente.
Houve um aumento de 136% na capacidade de captura entre os anos 2000 e 2023. O Pará passou de remover 71 milhões de toneladas de CO2e para167,5 milhões de toneladas no período. Esse crescimento é um testemunho da importância de seus ecossistemas.
O papel essencial das florestas
Esse salto na captura de carbono foi impulsionado, em grande parte, pelo aumento da absorção tanto da floresta primária (com um crescimento de 148,6%) quanto da floresta secundária (com 125,4% a mais de captura). Isso ressalta o papel crucial das florestas do Pará como verdadeiros “sumidouros de carbono”, agindo como esponjas que retiram o CO2e da atmosfera.
Sumidouros de carbono são lugares, atividades e processos em que a quantidade de CO2 absorvido e capturado é maior do que a emissão. O diretor da Fapespa, Márcio Ponte, assinala, no entanto, que “a destruição da floresta tem comprometido sua capacidade de sequestrar carbono e, em algumas áreas, ela já se tornou emissora líquida de GEE”.
A vegetação nativa se consolidou como a principal responsável por essa performance, representando 99,7% da remoção total de CO2e. É a atividade econômica com o maior impacto positivo, com um crescimento de 135,3% na sua capacidade de sequestro de carbono entre 2000 e 2023.
“A Amazônia brasileira desempenha papel fundamental no equilíbrio climático global, atuando como um ‘sumidouro’ de carbono capaz de capturar grandes quantidades de CO2 da atmosfera”, observa Márcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural da Fapespa
Marabá se destaca em redução
A análise dos principais municípios com emissões brutas de CO2 no Pará entre 2000 e 2023 revela um cenário de redução significativa em algumas localidades. Marabá foi o destaque na redução de emissões, com queda de 60%, o que fez com que o município passasse da segunda para a sexta posição no ranking de emissores, agora respondendo por 2,7% das emissões totais do Pará.
Santa Maria das Barreiras também apresentou uma queda expressiva de 44,7%, saindo da terceira para a nona posição, com 2,3% de participação estadual. Já São Félix do Xingu, apesar de ter reduzido suas emissões em 14,9%, continuou sendo o maior emissor de CO2e, com 8,1% das emissões totais.
O município de Altamira se destacou na remoção de gases, aumentando sua capacidade em 160,4%. Ele continua sendo o maior “absorvedor” de CO2e, responsável por 15,1% do total. Esse crescimento provavelmente se deve a ações ambientais e práticas sustentáveis na região, tornando Altamira um contribuinte chave para a redução de gases de efeito estufa no Pará.