As áreas desmatadas da Amazônia registraram um aumento de 17,8% nos primeiros oito meses do chamado “calendário do desmatamento”, intervalo que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte por causa do regime de chuvas no bioma. No mesmo período, os incêndios que atingiram fortemente a região fizeram a degradação florestal subir mais de 329%,
Conforme dados do monitoramento por imagens de satélite do Instituto de Pesquisa Imazon, a degradação florestal, ocasionada pelas queimadas e extração madeireira, passou de 7.925 km² de agosto de 2023 a março de 2024 para 34.013 km² de agosto de 2024 a março de 2025.
Em março deste ano houve uma redução de 90% em relação ao mesmo mês do ano passado, que havia registrado o maior índice da série histórica para o período, de 2.120 km². O Pará foi o responsável por 91% da degradação registrada em março, com 188 km²
O Imazon aponta que esse aumento foi causado principalmente pelas extensas áreas atingidas por queimadas em setembro e outubro de 2024. Em decorrência desses incêndios, a degradação florestal entre agosto de 2024 e março de 2025 também representou o maior índice da série histórica, iniciada em 2008.
“O crescimento observado em 2025 é um sinal de alerta. Estamos em uma janela de tempo que pode permitir a reversão desse cenário, onde as chuvas são mais frequentes na região. Logo, os distúrbios na floresta não são tão intensos quando comparamos com os meses mais secos, como de junho a outubro. Por isso, é preciso agir com urgência”, destaca a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
O desmatamento é a remoção total ou quase total da cobertura vegetal, geralmente para dar lugar a outras atividades, como a agropecuária. Já a degradação florestal refere-se a um processo que afeta a floresta de forma parcial, reduzindo sua capacidade de fornecer serviços ecossistêmicos e sua biodiversidade.
Desmatamento
De acordo com o Imazon, o desmatamento na Amazônia passou de 1.948 km² entre agosto de 2023 e março de 2024 para 2.296 km² entre agosto de 2024 e março de 2025, uma área maior do que Palmas, a capital do Tocantins.
Apenas em março de 2025, o desmatamento da Amazônia atingiu 167 km², uma alta de 35% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram destruídos 124 km².
Os três estados líderes em destruição em março – Mato Grosso, com 65 km² perdidos (39%); Amazonas, com 39 km² (23%); e Pará, com 29 km² (17%) – concentraram 80% de toda a destruição registrada na Amazônia no mês.
Entre os municípios, o campeão de desmatamento do mês passado foi Apuí, no Amazonas, com 15 km² destruídos, seguido de perto por Itaituba, no Pará, com 13 km² devastados — 45% do detectado em solo paraense.
As duas unidades de conservação mais desmatadas em março ficam no Pará: a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, que teve 7 km² destruídos, o equivalente a 700 campos de futebol, e a APA do Lago de Tucuruí, com 1 km² de devastação.
“Esses dados indicam uma concentração significativa da pressão em locais específicos, que devem ser prioridade na montagem de estratégias de combate e fiscalização”, observa Manoela Athaide, pesquisadora do Imazon.