O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançou um mapeamento inédito com dados de nove estados e a identificação de áreas degradadas que possuem potencial para recuperação ou conversão em sistemas produtivos sustentáveis. Segundo o estudo, são 27,7 milhões de hectares onde podem ser desenvolvidas estratégias como a pecuária intensiva, o sistema ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) e agroflorestas.
O documento é o “Plano de Priorização de Áreas e Estimativas de Investimentos” e destaca os estados que contam com 79% das pastagens degradadas ou em degradação do País: Pará, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Tocantins, Rondônia e São Paulo. Um ponto importante é que os dados ajudam a ilustrar as vantagens de apostar em atividades com menor impacto ambiental.
No Pará, por exemplo, transformar 1 hectare de pastagem degradada em plantação de soja custa aproximadamente R$ 7 mil reais, com custos operacionais de R$ 6,2 mil. Já a implantação de um sistema agroflorestal com cacau e açaí exige R$ 31,4 mil por hectare e cerca de R$ 1 mil para a manutenção anual. Por outro lado, o retorno do SAF é bem maior e chega a 23,8%, enquanto que a soja fica em 5,1%.
As possibilidades são diferentes em cada caso. Dos 27,7 milhões de hectares com potencial para conversão, 25,1 Mha apresentam podem ter a intensificação da pecuária de corte, 16,9 Mha podem desenvolver a pecuária de leite, 11,5 Mha tem potencial para a silvicultura, 8,8 Mha para a agricultura, 7,1 Mha para sistemas agroflorestais e 2,6 Mha para ILPF.
“Uma propriedade pode ter múltiplas aptidões e a decisão vai ser do produtor rural, do que ele quer produzir. Então, uma mesma propriedade pode ter potencial de intensificação da pecuária de corte, mas também de soja”, explicou ao Reset Leila Harfuch, responsável pela modelação financeira do estudo.
As estimativas apontam que o investimento inicial necessário para recuperar essas áreas é da ordem de R$139 bilhões, além de custos operacionais anuais que podem atingir R$90,8 bilhões. Para garantir esses recursos, o governo atua em várias linha de frente com diferentes fontes.
Uma delas é o Eco Invest, que busca atrair capital estrangeiro para financiar a transição brasileira para uma economia verde. Além disso, o Japão já assinou um memorando de cooperação com o Brasil que permite repassar recursos, via Agência de Cooperação Internacional, para recuperação de áreas degradadas. A expectativa brasileira é que o valor chegue a US$ 300 milhões.
“Os recursos virão das mais variadas fontes possíveis, vamos tentar ajustar os mecanismos conforme o interesse do investidor. Até o momento, o que nos parece o mais consistente e próximo é o recurso do Eco Invest”, disse Carlos Augustin, assessor especial do Mapa.